É muito comum ouvirmos falar em empreendedorismo nos dias atuais, com as circunstâncias que nosso país vem vivenciando, e neste momento precisamos de uma reformulação nos processos tradicionais, na qual Hisrich e Peters (2009, p. 29) aponta ser o momento para desenvolver o “[...] processo de criar algo novo e assumir os riscos e as recompensas”.
Hisrich et al (2009, p.30) apresentam um conceito generalista sobre empreendedorismo: “é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal”.
Para Barreto (1998, p. 190) “empreendedorismo é habilidade de criar e constituir algo a partir de muito pouco ou de quase nada”. Tal afirmação condiz do fato de que nada se cria, tudo se copia, não é possível criar algo totalmente “revolucionário”, para com novas adaptações e recursos para atender as necessidades dos consumidores.
No final do século XIX e no início do século XX, a definição do empreendedor passou a ser vista por perspectiva econômica. Dito deste modo prevê, o empreendedor organiza e opera uma empresa para lucro pessoal. Paga os preços atuais pelos materiais consumidos no negócio, pelo uso da terra, pelo serviço de pessoas que emprega e pelo capital de que necessita contribuindo com sua própria iniciativa, habilidade e engenhosidade no planejamento, organização e administração da empresa. Também assume a possibilidade de prejuízo e de lucro em consequência de circunstâncias imprevistas e incontroláveis. O resíduo líquido das receitas anuais do empreendimento, após o pagamento de todos os custos, são retidos pelo empreendedor. (ELY e RESS, 1937, p. 488.).
No Brasil, o empreendedorismo começou a ganhar destaque a partir da década de 1990, ano em que entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas.
O empreendedorismo é o processo dinâmico de criar mais riqueza. A riqueza é criada por indivíduos que assumem os principais riscos em termos de patrimônio, tempo e/ou comprometimento com a carreira ou que provêem valor para algum produto ou serviço pode não ser novo ou único, mas o valor deve de algum modo ser infundido pelo empreendedor ao receber e localizar as habilidades e os recursos necessários. (RONSTADT, 1984, p. 28.).
O ser Empreendedor
Com o surgimento deste novo conceito, começou a “aparecer” pessoas com perfis empreendedores, e Gerber (2004, p. 16) descreve o empreendedor como um visionário, sonhador, catalisador da mudança, pessoa sempre criativa, que “[...] cria probabilidades dentre possibilidades, transformando o caos em harmonia”.
Para Fillion (1999, pág. 19) "um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões". Neste sentido, “o empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade” (Dolabela, 2010, p. 25).
Pode-se afirmar neste caso que os empreendedores se dividem em dois times: aqueles para os quais o sucesso é definido pela sociedade e aqueles que têm uma noção interna de sucesso (Dolabela, 2010).
Para Schumpeter (1988, p. 48) “o empreendedor promove a inovação, sendo essa radical, pois destrói e substitui esquemas de produção vigentes”. Assim, Drucker (1998, p. 45) afirma que “Schumpeter postulava que o desequilíbrio dinâmico provocado pelo empreendedor inovador, em vez de equilíbrio e otimização, é a ‘norma’ de uma economia sadia e a realidade central para a teoria econômica e a prática econômica”.
O Empreendedor é identificado e definido de dois tipos distintos, no qual Leite e Oliveira (2007) classifica em: o Empreendedorismo por Necessidade (criam-se negócios por não haver outra alternativa) e o Empreendedorismo por Oportunidade (descoberta de uma oportunidade de negócio lucrativa).
Dornelas (2005, pág. 28) define que o empreendedor de oportunidade, é “onde o empreendedor visionário sabe aonde quer chegar, cria uma empresa com planejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a empresa e visa a geração de lucros, empregos e riquezas”, em contrapartida se tem o empreendedor de necessidade, “em que o candidato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais por falta de opção, por estar desempregado e não ter alternativas de trabalho”.
[...]os empreendedores são indivíduos que têm a capacidade de criar algo novo, assumindo responsabilidades em função de um sonho, o de obter sucesso em seu negócio, estas pessoas são ousadas, aprendem com os erros e encaram seu negócio como um desafio a ser superado; têm facilidade para resolverem problemas que podem influenciar em seu empreendimento, e mais, identificam oportunidades que possibilitam melhores resultados; são pessoas incansáveis na procura de informações interessadas em melhorias para o seu setor ou ramo de atividade, elevando ao máximo sua gestão. (CARVALHO, 1996, p.79-82)
Podemos compreender então que “o empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal, assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente”. (CHIAVENATO, 2005, pág. 3)
A pessoa nasce empreendedora?
Nas teorias nos traz uma realidade em que ninguém nasce “alguma coisa”, as pessoas desenvolvem habilidades durante o seu processo de formação, assim o empreendedor se diferencia com algumas características:
Quadro 1.1: Características dos empreendedores de sucesso
Visionários
Além de programarem sonhos, prevêem o futuro para o seu negócio e sua vida.
Tomam decisões
Sentem-se seguros e tomam decisões certas, principalmente em momentos de crise, além de programarem ações com muita destreza.
Exploram oportunidades
Identificam oportunidades e são indivíduos curiosos, atentos a informações como arma para ampliação de suas chances.
Determinados e dinâmicos
Programam ações com comprometimento. Mantêm-se sempre dinâmicos e não se acomodam com a rotina.
Dedicados
Dedicam-se em tempo integral ao seu negócio. Não desanimam mesmo quando os problemas surgem.
Otimistas e apaixonados
Realizam o seu trabalho com paixão, por isso são os melhores vendedores de seus produtos ou serviços. Enxergam sempre o sucesso, nunca o fracasso.
Independentes
Ambicionam ser donos do próprio negócio, modificar a realidade e gerar empregos.
Enriquecem
Acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios, no entanto, esse não é seu principal objetivo.
Líderes e formadores de equipes
Têm capacidade de liderança. Respeitam, valorizam, estimulam e recompensam seus funcionários, pois sabem que depende de sua equipe para obter sucesso. Além disso, captam os melhores profissionais para dar auxílio em áreas que não domina.
Realizam networking
Possuem contatos externos que o auxiliam junto a clientes e fornecedores
Organizados
Captam e alocam os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros de forma racional, procurando o melhor desempenho para o negócio.
Planejam
Planejam desde o plano de negócios até a definição de estratégias de marketing do negócio e o seu desenvolvimento.
Conhecem
Pesquisam, buscam informações em experiências práticas ou publicações sobre o negócio em que atuam, pois quanto maior o conhecimento, maiores as chances de êxito.
Assumem riscos calculados
Assumem riscos fazendo seu gerenciamento, de modo a não comprometer sua segurança.
Criam valor para a sociedade
Fazem uso de seu conhecimento para criar valor para a sociedade, com geração de empregos, dinamizando a economia e inovando a fim de facilitar a vida das pessoas.
Fonte: Adaptado de Dornelas, 2011
A importância do empreendedorismo
Segundo o SEBRAE (2007, p. 2) “atualmente os empreendedores são reconhecidos como componentes essenciais para mobilizar capital, agregar valor aos recursos naturais, produzir bens e administrar os meios para administrar o comércio”.
Além do SEBRAE temos várias outras organizações que ajudam no desenvolvimento do processo de empreender e de aprender.
A Endeavor Brasil, uma empresa devotada ao empreendedorismo fornece ferramentas, dicas, material e cursos sobre empreendedorismo e muitas outras instituições além das acima citadas que ajudam no mesmo.
O processo do Empreendedor na Inovação
É importante refletirmos que não existe mágica para nada, desta forma, o empreendedor precisa seguir um processo/método para se diferenciar e tornar-se inovador, e Hisrich & Peter (2004, p. 171) demonstra que “assim que as ideias emergem a partir de fontes ou da solução criativa de problemas, elas precisam de um desenvolvimento e aperfeiçoamento posteriores até o oferecimento do produto ou serviço final”.
No entanto, o empreendedor precisa de uma amplitude de análise “para detectar oportunidades de negócios, é preciso ter intuição, intuição requer entendimento, e entendimento requer um nível mínimo de conhecimento” (Fillon, 1999, p. 11).
Quadro 1.2: Conceitos de empreendedor ao longo do tempo
Origina-se do francês significa “aquele que está entre” ou “estar entre”.
Idade Média
Participante e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala.
Século XVII
Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato de valor fixo com o governo.
1725
Richard Cantillon – a pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital.
1803
Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separado dos lucros do capital.
1876
Francis Walker – distingue entre os que forneciam fundos e recebiam juros, e aqueles que obtinham lucro com habilidades administrativas.
1934
Joseph Shumpeter – o empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada.
1961
David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados.
1964
Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades.
1975
Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e econômicos, e aceita riscos de fracasso.
1980
Karl Vésper – o papel do empreendedor pode ser delineado de diversas formas e tende a apresentar-se diferente sob diversas perspectivas. Para um economista, um empreendedor é aquele que junta recursos, trabalho, materiais e outros ativos em uma combinação que aumenta seu valor, e também aquele que introduz mudanças, inovações e uma “nova ordem”. Para um psicólogo, é uma pessoa tipicamente guiada por algumas forças: necessidade de obter algo, experimentar, realizar, insubordinar-se. Um político contrário pode ver o empreendedor como um subversivo difícil de controlar, enquanto um político favorável pode vê-lo como uma pessoa que encontra meios efetivos de realizar coisas. Para um homem de negócios, o empreendedor pode se revelar uma ameaça, um competidor agressivo, enquanto para outro pode ser visto como um aliado, uma fonte de suprimento, um consumidor ou alguém digno de receber investimentos.
1983
Gofford Pinchot – o intraempreendedor é um indivíduo que atua dentro de uma organização já estabelecida.
1985
Robert Hisrich – o empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e os esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.
Fonte: Adaptado de Hisrich, 2009
Segundo Drucker inovação é a habilidade de transformar algo já existente em um recurso que gere riqueza. "[...] Qualquer mudança no potencial produtor-de-riqueza de recursos já inexistentes constitui inovação...” (DRUCKER, 1987, p. 40).
A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não experimentado para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais ou uma nova comercialização para produtos, e organizando um novo setor. (SCHUMPETER, 1952, p.72.).
O empreendedor precisa constantemente recriar todo o seu processo/método, independente de onde esteja, pois o "[...] empreendedorismo não trata apenas de pequenas empresas e novos empreendimentos. Não aborda apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas, sim, inovações em todos os âmbitos do negócio" (CHIAVENATO, 2007, p. 261).
Bessant e Tidd (2009) afirmam que a inovação assume muitas formas diferentes, mas pode ser resumida em quatro diferentes tipos, a saber:
-Inovação de produtos
-Inovação de processos
-inovação de posição
-inovação de paradigma
O que leva alguém a ter o próprio negócio?
Muitos não sentem prazer por desenvolver atividades rotineiras, ou seguir padrões normais todos os dias, estes estão sempre em busca de desafios e reconhecimento, por isso decidem inovar e criar a própria oportunidade.
Neste contexto, podemos fazer uma análise da realidade de ser funcionário, e ser um empreendedor, o que define características e ações diferentes.
Quadro 1.3: As vantagens de ser funcionário e de ser empreendedor
Funcionário
Empregador
Não corre risco financeiro
É o empreendedor da própria atividade; é o “dono da bola”.
Possui salário mensal.
Não precisa seguir ordens alheias.
Goza de relativa proteção e segurança por parte do seu empregador
Faz o que acha que deve ser feito, ou seja, escolhe os caminhos.
As decisões estratégicas são tomadas pelos dirigentes da empresa
Toma as decisões estratégicas
Não precisa se preocupar com os negócios da empresa
Pode ter um progresso financeiro muito maior (ou muito menor).
Tem férias garantidas.
Constrói algo totalmente seu
Tem benefícios sociais pagos pela empresa.
Satisfaz seu espírito empreendedor
Aspiração de uma carreira dentro da organização.
É o “cabeça” do negócio.
Aspiração de participação nos resultados.
Não precisa “quebrar a cabeça” com soluções de problemas.
Fonte: Adaptado de Clube do Dinheiro (2011)
INOPRENEUER
Empreendedorismo, vem de entrepreneur, palavra francesa, usada no século 12 para designar aquele que incentivava brigas. Para Schumpeter (1988, p. 3) o empreendedor que movimenta a sociedade e inova.
Estamos motivados com o novo personagem do séc. XXI que denominamos de Inopreneuer, isto é, o profissional ou pessoa física ou jurídica que é ao mesmo tempo inovador e empreendedor.
Identificar oportunidade, agarrá-la e buscar os recursos para transformá-la em negócio lucrativo. Não é necessário possuir os meios necessários à criação de sua empresa.
Deve ser capaz de atrair tais recursos, demonstrando o valor do seu projeto e comprovando que tem condições de realizá-lo. Para isso ele deve realizar um plano de negócios (famoso business pela) e demonstrar a viabilidade econômico-financeira do projeto que ele quer introduzir no mercado.
O Inopreneuer é motivado pela liberdade de ação, auto motivado. Significa que ele tem consciência de que seus caminhos dependem muito do suor, trabalho redobrado e perspicácia nos negócios.
Ele arregaça as mangas, colabora no trabalho dos outros e transforma o ambiente a sua volta. O que os outros enxergam crise ele deve enxergar oportunidades.
Ele tem mais faro para os negócios do que habilidades gerenciais ou políticas. É o que denominamos tino comercial e isso nenhuma universidade consegue ensinar, nasce-se com.
Frequentemente tem formação em áreas técnicas, como engenharia ou da área de ciências sociais aplicadas, tais como Administração, Economia, Contabilidade, etc.
Centro de interesse do mesmo é principalmente a tecnologia e o mercado e considera que o erro e o fracasso são ocasiões para aprender alguma coisa.
Aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos, apesar de ver que na maioria das escolas de negócios de Brasil os professores gostarem de mostrar os casos de sucesso e não o contrário.
Ser empreendedor é um estado de espírito e mais do que isso uma necessidade na sociedade atual. Cabe ao empreendedor ser o agente de mudança e mais do que isso fazer do seu autodesenvolvimento a mola mestra do seu sucesso, do sucesso da sua empresa (como funcionário ou dono) e consequentemente do seu país.
Inopreneuers é o que o Brasil mais necessita e deve cultivá-los e dar condição ao florescimento dos mesmos.
Sendo assim verifica-se que o profissional da administração moderna solicitado pelas organizações e para si mesmo devem ser Inopreneuers, isto é, devem ser inovadores e, além disso, empreendedores.
Segundo o pensador Gifford Pinchot (1999) diz que existem dois tipos de empreendedores:
1) Os intrapreneuers que, independente da função, devem ser empreendedores nas empresas que trabalham e em qualquer posição que ocupem
2) Os entrepreneuers que saem das organizações e montam o seu próprio negócio.
Mas além de empreenderem dentro e/ou fora da organização que o Brasil tem e vária delas familiares em quantidade e com qualidade ou não, pois os brasileiros tiveram que enfrentar muitas mudanças econômicas e se tornaram excelentes economistas, além de técnicos de futebol.
Tenho uma crítica a esse respeito, pois entendo que os brasileiros além de técnicos de futebol e economistas (pensam macro) deveriam também pensar micro, isto é, ser administradores.
O bom administrador é aquele que pensa micro, macro e também transversalmente. Resumindo o Brasil do Sudeste desconhece os outros Brasis, do Nordeste (vide João Pessoa, cidade fantástica e com tanta gente bem educada, e tantos outros estados fantásticos).
EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO
O universo do empreendedorismo abrange e interage com a inovação de formas inusitadas que revelam, caso a caso, potenciais diferenciados de criação e desenvolvimento de produtos, processos, serviços e tecnologias, além de invenções agregadas a cada caso.
Técnicas, especialidades e instituições de apoio e suporte se multiplicam para dar conta do crescimento progressivo e ilimitado do empreendedorismo.
Fernando Dollabela (2010) diz que mesmo países que investem pouco em pesquisa, como o Brasil, podem crescer e alcançar a liderança no mercado global. O ponto crítico para ter sucesso com uma inovação é perseguir um modelo de negócios que possa competir globalmente. Países como o Brasil têm o melhor mercado para criar as inovações de ruptura, especialmente pela baixa renda da população. Isso não tem nada a ver com tecnologia, e sim com a oportunidade de criar um modelo de negócios.
Em tempos de mudança frequentes nos hábitos de consumo, estratificação de mercados e compressão dos ciclos de vida dos produtos (causada pela necessidade mercadológica de se introduzirem novos produtos a intervalos menores), a rápida resposta as necessidades dos clientes ganha importância inusitada.
O país tem mostrado um domínio seguro de estratégias empreendedoras. Apesar de sua extensa abrangência - a inovação é mais que um termo técnico; é também econômico e social - não podemos ainda elaborar uma teoria de inovação. Por enquanto isso não é possível.
Contudo, já sabemos o suficiente para dizer quando, onde e como se buscam sistematicamente oportunidades inovadoras, e como se avaliam as chances de seu sucesso ou os riscos de seu fracasso. Sabemos o bastante para desenvolver, embora, ainda em poucas linhas, a prática da inovação.
Para os empreendedores bem sucedidos, a prática da inovação está no trabalho. Os demais, que começam com a ideia de que irão conseguir grandes realizações e rapidamente, estarão quase que destinados a fazer coisas erradas.
Uma inovação que parece sensacional pode resultar em nada mais do que um virtuosismo técnico; e inovações com modestas pretensões intelectuais podem resultar em negócios gigantescos, altamente lucrativos.
A maioria esmagadora das inovações bem sucedidas explora a mudança. Por certo, existem inovações que em si constituem uma importante mudança, mas elas são exceções razoavelmente incomuns. A maior parte das inovações que deram certo é mais prosaica, simples, muitas vezes fruto de uma observação mais atenta. “A disciplina de inovação (a base do conhecimento do empreendedorismo) é uma disciplina de diagnóstico: um exame sistemático das áreas de mudança que tipicamente oferecem oportunidades empreendedoras.”
A inovação, aspecto fundamental para o sucesso da empresa brasileira, sempre acaba ofuscada pelo deslumbre com as grandes novidades tecnológicas estrangeiras. A baixa capacidade de inovar das empresas nacionais é um dos grandes entraves para o crescimento da economia brasileira.
Estimular as ideias radicais e incrementais à inovação é o grande desafio das novas gerações das empresas para se manter no mercado competitivo. A evolução das tecnologias e inovação tem como resultados para empresa, melhoria na qualidade dos produtos, ampliação ou manutenção da participação no mercado. Isto permite abrir novos mercados, promover redução dos custos e reduzir impactos ao meio ambiente.
A resposta para mudança do cenário competitivo da indústria brasileira, rumo à inovação e à diferenciação de produto, é a articulação dos instrumentos e do desenvolvimento de culturas empreendedoras, criação de parcerias com universidades e que toda esta parceria seja utilizada como ferramenta na busca de recursos financeiros que possam cobrir todas as cadeias do capital empreendedor.
Na análise conjuntural e setorial do contexto nacional é lúcido o diagnóstico de Rocha Loures, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná - (Fiep) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CFES):
“A inovação tem uma importância estruturante e perene nas empresas como meio de alavancar ganhos de produtividade, reduzir custos e pavimentar um procedimento sustentável de geração de produtos ou serviços inovadores. É difícil, por essas razões, vislumbrar uma saída para o desenvolvimento que não priorize a inovação.
Neste momento de incertezas e aperto de crédito, contudo, as empresas estão avessas ao risco, e isso tende a conspirar contra a inovação. É natural que as atenções se voltem para ações incrementais para manter as vendas, propiciar o lançamento rápido de novas versões de produtos e amenizar a pressão pelo corte de custos. De outra parte, as políticas públicas se voltam para os grandes empregadores, como a construção civil e a indústria automotiva.
Mas é preciso olhar além deste horizonte. Não há dúvida de que outro modelo econômico vai nascer após a crise, que será longa no sentido de que uma nova onda de crescimento global demorará a ser restabelecida. Quando esse novo ciclo se fizer presente, muitas das pesquisas e das inovações que têm frequentado os laboratórios nos últimos anos se tornarão uma realidade.
Pela importância sistêmica que têm, os setores relacionados a conectividade, energia renovável e saúde, assim como a pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia, biotecnologia, design e tecnologia social, ocuparão um papel central na nova ordem econômica. Também há um enorme potencial para empreendimentos inovadores na área de crédito para micro e pequenas empresas, em serviços e em tecnologia da informação e comunicação.
A inovação pode, deve e precisa ser apoiada pelo governo, em todas as suas instâncias. Mas, antes de tudo, a tarefa que se coloca é de mobilizar o setor privado para a relevância da inovação. Inovar pode significar coisas distintas. Muitas vezes pode ser um novo processo produtivo, outras um produto novo. Pode ser também a reformulação de um produto ou um modelo de negócio distinto. Mas, em síntese, inovar é transformar ideias em valor.
O Brasil precisa e vai trilhar esse mesmo caminho. Precisamos de aumentos sistemáticos da produtividade para sustentar ganhos reais dos salários e melhorar a distribuição de renda. Precisamos alavancar a capacidade de competir das empresas e gerar melhores empregos. Para isso, vamos ter de dar prioridade à agenda da inovação. Nossa competitividade sofre com o acúmulo de velhos obstáculos. Temos carga tributária extremamente elevada, nossa infraestrutura é muito deficiente, há baixíssima escolaridade, excessiva burocracia e uma institucionalidade ainda precária. Avançamos em alguns desses aspectos, mas, no geral, numa velocidade que deixa muito a desejar.
Essa é a agenda do passado, que ainda temos de enfrentar e solucionar e que coexiste com os desafios da criação de competências que nos conduzam ao futuro. Devemos reforçar as capacitações técnicas de nossas empresas, melhorar a qualidade do ensino e a escolaridade técnica e superior, dar mais ênfase à formação de engenheiros e cientistas, ampliar o número de instituições de prestação de serviço e de suporte ao desenvolvimento tecnológico das empresas e multiplicar as instituições de excelência.
Mas, em especial, precisamos entender o papel central que cabe às empresas na agenda da inovação. São essas empresas as responsáveis pelo lançamento de produtos que, cotidianamente, buscam melhorias em seus processos, que vão à busca de novos modelos de negócios para atender melhor os consumidores ou criar mercados. Esse protagonismo implica responsabilidades, mas exige, de outro lado, instrumentos desenhados de acordo com as necessidades e imperativos dos negócios.
Trata-se de uma realidade complexa, porque a inovação tem dimensões distintas para cada tipo de empresa: de pequenas melhorias incrementais até sofisticadas redes de gestão de conhecimento; de novos modelos de negócios até esforços sistemáticos de desenvolvimento tecnológico. O que dita a estratégia é o próprio mercado. O que condiciona o sucesso é o empenho da empresa e o ambiente que a cerca, as instituições de apoio e as políticas que lhe dão suporte. Temos inúmeros casos de sucesso e temos tido avanços nas políticas públicas.
Precisamos agora dar um salto. Foi isso que a Confederação Nacional da Indústria propôs no Congresso de Inovação, realizado em agosto. Queremos ser protagonistas de uma efetiva Iniciativa Nacional pela Inovação (INI), que congregue empresas e governo em torno de metas acordadas de inovação para cada setor da indústria; que amplie de forma significativa a capacidade de gestão da inovação nas empresas e que multiplique a mobilização iniciada com esse encontro.
Segundo a CNI (2012) hoje, cerca de 6 mil empresas brasileiras declaram fazem pesquisa e cerca de 30 mil declaram inovar em produtos e processos. A nossa meta é duplicar o número de empresas inovadoras nos próximos quatro anos. A plataforma da CNI e do Fórum Nacional da Indústria, lançada no Congresso com o apoio de lideranças industriais, tornará factível essa meta. Mobilizaremos nossos melhores recursos para cumpri-la. Vamos disseminar a cultura da inovação, impregná-la na indústria, mostrar que o futuro depende de nossa capacidade de inovar.
Essa nova plataforma se materializará na criação de núcleo de inovações nas federações de indústria; na generalização das ações de suporte à inovação já em curso nas associações setoriais; na maior ênfase nos serviços técnicos e tecnológicos do Senai; na parceria com o Sebrae para a difusão de metodologias perante as pequenas empresas; na articulação dos diversos setores para estabelecer de comum acordo metas de inovação com o setor público. E, com apoio dos empresários, criaremos uma governança capaz de estimular e cobrar resultados. Vamos dar um salto na produtividade, para que seja sustentáculo das aspirações de todos os brasileiros por uma nação mais justa.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Empreendedores devem identificar oportunidade, agarrá-la e buscar os recursos para transformá-la em negócio lucrativo. Não é necessário possuir os meios necessários à criação de sua empresa.
Deve ser capaz de atrair tais recursos, demonstrando o valor do seu projeto e comprovando que tem condições de realizá-lo. Para isso ele deve realizar um plano de negócios (famoso business pela) e demonstrar a viabilidade econômico-financeira do projeto que ele quer introduzir no mercado.
O empreendedor é motivado pela liberdade de ação, auto motivado. Significa que ele tem consciência de que seus caminhos dependem muito do suor, trabalho redobrado e perspicácia nos negócios.
Ele arregaça as mangas, colabora no trabalho dos outros e transforma o ambiente a sua volta. O que os outros enxergam crise ele deve enxergar oportunidades. Deve também ser Inopreneuer isto é, inovador e empreendedor.
Ele tem mais faro para os negócios do que habilidades gerenciais ou políticas. É o que denominamos tino comercial e isso nenhuma universidade consegue ensinar, nasce-se com.
Frequentemente tem formação em áreas técnicas, como engenharia ou da área de ciências sociais aplicadas, tais como Administração, Economia, Contabilidade, etc.
Centro de interesse do mesmo é principalmente a tecnologia e o mercado e considera que o erro e o fracasso são ocasiões para aprender alguma coisa.
Aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos, apesar de ver que na maioria das escolas de negócios de Brasil os professores gostarem de mostrar os casos de sucesso e não o contrário.
Ser empreendedor é um estado de espírito e mais do que isso uma necessidade na sociedade atual. Cabe ao empreendedor ser o agente de mudança e mais do que isso fazer do seu autodesenvolvimento a mola mestra do seu sucesso, do sucesso da sua empresa (como funcionário ou dono) e consequentemente do seu país.
Empreendedor é o que o Brasil mais necessita e deve cultivá-los e dar condição ao florescimento dos mesmos.
Inovação é parte fundamental do empreendedorismo e para ser empreendedor necessário se faz utilizar-se da vantagem competitiva, citada por Michael Porter (1980).
Empreendedorismo e inovação combinam para fazer a administração de um negócio algo melhor.
REFERÊNCIAS
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SCHUMPETER, Joseph. Can capitalism survive?, 1952.
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