No dia 08 de março é celebrado mundialmente o Dia Internacional das Mulheres, data que lembra a importância das buscas femininas por justiça, igualdade de gênero e respeito, mas também de reconhecimento dos avanços históricos e sociais. Entre essas conquistas, certamente o crescimento do empreendedorismo feminino é uma delas, tanto que em 2014 a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Global do Empreendedorismo Feminino, com o objetivo de evidenciar e valorizar as mulheres como protagonistas no campo empresarial.
Impulsionado pelo avanço na garantia dos direitos femininos e no caminho à equidade entre homens e mulheres, os negócios administrados por mulheres quebram paradigmas e renovam o mundo empresarial. Segundo dados do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) 2020, o Brasil tem cerca de 52 milhões de empreendedores, sendo que 30 milhões (48%) são mulheres, o que leva o país a ocupar a sétima nação com o maior número de empresárias no ranking mundial.
Embora representem 52% da população brasileira, as mulheres ocupam posição de destaque em apenas 13% das 500 maiores empresas do País.
Como consequência da desvalorização histórica do mercado de trabalho, resultado do machismo enraizado em nossa sociedade, grande parte das mulheres se sentem inseguras no momento da tomada de decisão de iniciar o próprio negócio ou até mesmo em assumir cargos com maior destaque. Questão que acaba refletindo na vida de muitas empreendedoras. Conforme pesquisa da GEM, de 2018, apenas 49,2% das mulheres afirmam que têm conhecimento necessário para criar um empreendimento.
O preconceito também é um dos maiores desafios do empreendedorismo feminino e, infelizmente, afeta outras áreas da vida da mulher. Existem muitas pessoas que descredibilizam as mulheres que investem na jornada de criação de um negócio. E buscar ou proporcionar apoio a outras mulheres, criando uma rede de suporte, foi a estratégia de Natália Guazelli, advogada especialista em Direito Empresarial, que em virtude dos desafios enfrentados ao longo de sua carreira, treinou sua equipe de mulheres para oferecer assessoria jurídica às empreendedoras.
Natália avalia que as mulheres se sentem mais seguras para expor as reais necessidades com outras mulheres e que, com isso, conseguem atuar de forma mais segura em suas áreas. “Nosso objetivo é oferecer serviços além da defesa dos direitos das mulheres no âmbito jurídico. A gente tem como propósito prestar suporte técnico-legal às empreendedoras, para fomentar empreendimentos saudáveis e colaborativos. É oferecer soluções às exigências do mundo corporativo feminino”, explica.
No Brasil há poucos escritórios especializados no assunto, o que torna o serviço ainda mais necessário. A equipe da Dra. Natália oferece assessoria jurídica para abertura de empresas, registro de marcas, elaboração e revisão de contratos, entre outros. “Nós, mulheres, somos capazes de compreender e defender nossas iguais de uma forma mais sensível diante das condições que são impostas em nosso cotidiano. Isso nos torna mais compassivos ao auxiliar mulheres empreendedoras na solução dos obstáculos que o mundo apresenta ao mercado ", esclarece.
No modelo tradicional de gestão empresarial é comum haver ambientes de competição, respostas automatizadas, disputa interna e até mesmo com foco na sobrevivência, no entanto, com preparo adequado é possível oferecer atendimento jurídico com profundidade, proporcionando às empreendedoras e suas empresas além das competências tradicionais, maior clareza, flexibilidade, congruência e eficiência para os seus respectivos negócios.
“Assumir o próprio negócio é uma forma de empoderamento e de ascensão para cargos de liderança, com o potencial de colaborar para a modificação desse quadro de desigualdade” conclui a especialista.
O que é empreendedorismo feminino?
Empreendedorismo feminino é o conjunto de negócios idealizados ou comandados por mulheres. O termo abrange não apenas a criação de empreendimentos por mulheres, como também a presença feminina em cargos de liderança. Embora aproximadamente metade da população seja mulher, os homens dominaram a maior parte dos cargos de liderança no mercado durante um bom tempo. Mesmo que elas quisessem empreender, tinham diversos obstáculos pela frente, como a necessidade de assinatura do marido em documentos comerciais e bancários.
Mais mulheres empreendendo
Nos últimos dois anos, a pandemia afetou o mercado de trabalho, exigindo inovação, mudanças de rota e reorganização de planos. As mulheres sentiram esse impacto e muitas enxergam no empreendedorismo um caminho de autonomia e uma possibilidade de renda. De acordo com os dados do LinkedIn, a participação feminina no setor cresceu globalmente. Em 2020, o Brasil registrou um salto de 41% entre as mulheres que iniciaram algum negócio próprio. Entre os homens, o crescimento foi de 22%. Os números foram comparados com o ano de 2019.
O aumento de mulheres no mundo dos negócios é visto como consequência de uma série de desafios que elas enfrentam em suas vidas profissionais. A pandemia intensificou a necessidade para que muitas mulheres tivessem que assumir a dupla responsabilidade de trabalhar e cuidar de casa ou da família, forçando-as a buscar mais flexibilidade do que a oferecida por seus empregadores, aponta o estudo. Além disso, a probabilidade de promoções internas de liderança para os homens foi 52% maior em relação às mulheres, em média, em 2021, segundo ano da Covid-19.