No início do ano, o mundo foi surpreendido por uma crise financeira no sistema bancário. Dois bancos americanos de médio porte quebraram: Silicon Valley Bank e Signature Bank, além do gigante banco europeu, Credit Suisse. No caso dos bancos americanos, mais especificamente o SVB (Silicon Valley Bank), reconhecido por massificar investimentos no setor de tecnologia, em 2020, os executivos da instituição embarcaram em uma estratégia arriscada ao investir em ativos com prazos de vencimento longos em busca de maiores rentabilidades.
Essa jogada deixou de lado métricas de risco. Logo antes de quebrar, uma onda de resgates obrigou o banco a liquidar esses investimentos de longo prazo antes do vencimento, resultando em enormes prejuízos graças à aceleração da taxa de juros americana. Caso parecido aconteceu com Signature Bank.
Já o banco suiço, Credit Suisse, conviveu por décadas com uma má administração, inclusive com escândalos; não aguentou a onda de pessimismo na instituição, ocasionando vultosos resgates de seus correntistas e investidores, sendo levado a cabo mesmo antes de decretar falência.
Como medida de proteção financeira e contenção de uma crise em níveis alarmantes ao sistema financeiro, os bancos centrais americano e suíço agiram rapidamente e foram ao socorro das instituições. Programas de linha de crédito foram executados como injeção ao problema, mas mesmo com a ação de assistência, concorrentes dos bancos falidos compraram o que sobrou.
Para Daniel Abrahão, especialista em mercados financeiros e assessor na iHUB Investimentos, há uma força maior potencializando as dificuldades dos bancos. “Existe um grande vilão para as instituições financeiras de pequeno e médio porte: as atuais taxas de juros globais. Nos EUA, as últimas elevações do FED já registraram uma das maiores taxas da história americana. Com a permanência dos altos juros, muitas empresas solicitam ajuda ou iniciam processo de falência, graças à falta de liquidez”, comenta.
Quais os impactos dessa crise para a economia global?
Na luz dos eventos de quebra das instituições financeiras, uma imediata aversão ao risco se configurou para bolsas globais. A ajuda instantânea dos bancos centrais evitou, em certo modo, um efeito dominó.
No Brasil, não foram sentidos grandes impactos da crise pós “quebra bancária”, ficando as consequências restritas às regiões onde essas instituições financeiras atuavam. No cenário nacional, apenas episódios locais estão interferindo numa maior restrição de crédito, relembrando o caso “Americanas”.
A fusão dos bancos quebrados com outras instituições foi benéfica para o sistema financeiro ?
“O ponto de reflexão é: ‘existiria melhor alternativa’? Os reguladores acreditam que não. Instituições financeiras e não financeiras historicamente são incorporadas aos seus pares em momentos de crise aguda. A solução foi natural e plausível. No caso das fusões, os depósitos que tinham a segurança foram amparados, reguladores bancários garantiram que grande parte dos depósitos estão seguros”, afirma o assessor.
Todo processo de fusão é demorado, podendo levar anos para ser concretizado. Existem movimentos de liquidação de ativos e subsidiárias para acontecer. Nessa nova organização, clientes antes atendidos pelas marcas quebradas, passam a ter o amparo dos novos nomes. As ações remanescentes tendem a ser incorporadas às instituições que compraram.
“Apesar do momento quente e agitado que o sistema financeiro passou logo no início de 2023, o movimento de falência foi estancado. Além disso, não é algo incomum de acontecer, a grande preocupação que agora parece sanada era sobre um contaminação para o setor financeiro ou pior para o setor produtivo”, finaliza Abrahão.
Sobre iHUB Investimentos
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando mais de R$1,5 bilhão em valores investidos sob custódia.