O cenário financeiro mundial está passando por transformações significativas, impulsionadas pela rápida digitalização das transações. Nesse contexto, a colaboração entre bancos tornou-se fundamental para combater a crescente ameaça das fraudes financeiras. O Brasil, em particular, enfrenta o desafio do aumento das fraudes, destacando-se o crescimento do golpe do PIX. Os valores movimentados por estes (e outros) golpes são rapidamente distribuídos nas chamadas contas laranjas. Este se tornou o cenário mais complexo para as instituições financeiras e, para enfrentar esta nova realidade, é essencial a colaboração entre todo o setor, como visa o Banco Central a partir da Resolução 06/23.
No combate às fraudes, a qualidade e a quantidade de informações usadas em modelos de detecção desempenham um papel crucial. Dado o grande volume de dados processados por sistemas financeiros, é fundamental ter uma abordagem abrangente na análise de resultados e nos métodos usados na identificação de fraudes e das contas laranja. A colaboração entre bancos é vital aqui, uma vez que o compartilhamento de informações pode rastrear melhor os comportamentos criminosos e suas correlações.
A Resolução 06/23 do Banco Central do Brasil estabelece diretrizes e regulamentações relacionadas à prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Essas diretrizes também abordam a segurança das transações financeiras, incluindo o PIX. É essencial que os bancos colaborem para cumprir as regulamentações, uma vez que isso contribui para a integridade do sistema financeiro como um todo.
Com a crescente utilização do PIX, que atingiu um impressionante volume transacionado de 1,2 trilhão de reais em dezembro de 2022, o Banco Central reconhece os desafios impostos por essa tecnologia. O PIX, sendo uma plataforma digital de alto fluxo, requer vigilância constante para evitar fraudes. A colaboração entre bancos é crucial para identificar e deter tentativas de fraude, garantindo a segurança das transações.
Um desafio substancial nesse processo para todos os bancos é criar uma boa estratégia de dados, considerando as peculiaridades e comportamentos de seus clientes para bloquear corretamente as fraudes. Inclusive as mais ardilosas em que se utilizam do próprio cliente para cometer a fraude. Em um mundo em que todos falam de dados, as instituições financeiras são ainda mais pressionadas para que eles sejam fonte de tomada de decisão em tempo recorde, sendo capazes de predizer ações criminosas. O processo interno de cada banco deve ganhar ainda mais desafios neste cenário de colaboração entre as instituições. E tudo isso, claro, sem impactar na experiência positiva e confiável do usuário. O lado positivo é que clientes e bancos se beneficiarão de um ambiente financeiro cada vez mais seguro, ao compartilharem informações sobre atividades laranja.
À medida que a tecnologia continua a evoluir, tanto para fins positivos quanto negativos, a colaboração e a conscientização tornam-se ainda mais cruciais. A Inteligência Artificial Generativa (IA) está em ascensão e a ciência de dados desempenha um papel crucial na melhoria dos sistemas de detecção de fraudes. No entanto, é importante reconhecer que a fraude nunca desaparecerá completamente e, portanto, é necessário se adaptar continuamente e estar preparado para enfrentar esses desafios de maneira eficaz.
Portanto, a prevenção de fraudes é uma batalha constante que pode ser vencida se houver uma colaboração eficaz entre bancos e uma mentalidade orientada para estratégia de dados. A fraude financeira continuará a evoluir, mas as instituições financeiras podem estar um passo à frente, compartilhando informações e adotando medidas proativas para proteger seus clientes e a integridade do sistema financeiro como um todo.
Arnaldo Thomaz Neto, country manager da BioCatch no Brasil