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Como explicar o crescimento dos consórcios?

Ano após ano, os consórcios seguem batendo recordes de adesão e créditos originados. Desde 2014, saltou de 7,03 milhões de participantes ativos para ultrapassar os 10 milhões em 2023, um crescimento superior a 43% no período, de acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC)

Autor: Eduardo RochaFonte: 0 autor

Ano após ano, os consórcios seguem batendo recordes de adesão e créditos originados. Desde 2014, saltou de 7,03 milhões de participantes ativos para ultrapassar os 10 milhões em 2023, um crescimento superior a 43% no período, de acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Os números comprovam que esta modalidade de crédito segue se destacando como uma alternativa para o brasileiro.

Entre os fatores atrelados aos recordes alcançados neste último ano, há pelo menos 3 ou 4 diferenciais que explicam seu destaque. Em primeiro lugar, o consórcio tem ampliado sua presença em alguns setores da economia, como de automóveis, imóveis, motocicletas e veículos pesados. Ao mesmo tempo, têm penetrado em novas modalidades, como a de eletrônicos em geral e, mais recentemente, em celulares - mostrando uma adaptação bastante agressiva a diferentes tipos e valores de bens.

Contribuindo com objetivos individuais ou empresariais para uma aquisição a médio e longo prazo, em 2023 o sistema de consórcios injetou mais de R$70,6 bilhões nos segmentos onde está presente no mercado brasileiro, ante os R$57,9 bilhões de 2022, de acordo com a ABAC. Foram 1,4 milhões de contemplações, número 11,1% maior.

Outro diferencial relevante é que o consórcio vai ao encontro de uma dor do brasileiro que se intensificou nos últimos anos. De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 37% dos brasileiros acreditam que o acesso ao crédito foi “mais difícil” em 2023. Vale considerar também que, no Brasil, quem tenta pela primeira vez acessar o crédito geralmente enfrenta dificuldades de aprovação em um banco ou instituição financeira que oferece produtos convencionais.

Um estudo global da TransUnion aponta que o consumidor “New-to-Credit“ (NTC) é o que mais sofre nesse quesito. Os dados revelam que a falta de histórico com crédito ao longo da vida acaba atrapalhando no reconhecimento de bons pagadores. Por outro lado, de acordo com o estudo, no Brasil, 66% dos consumidores considerados NTCs afirmam que sua necessidade de crédito deve aumentar nos próximos anos, o que mostra que os consórcios devem seguir em destaque como alternativa aos financiamentos, por exemplo.

Em um dos seus maiores patamares desde 2016, a taxa de juros está entre os principais motivos que impedem o consumidor de adquirir um bem como uma casa ou um carro por meio do financiamento, segundo a CNC.

Em contrapartida, o consórcio se parece mais com um investimento do que com uma dívida, se tornando mais inclusivo, oferecendo diversas possibilidades de planos, onde o membro pode definir junto à administradora a quantidade e valor de parcelas contratadas.

Com isso, os consórcios se destacam pelo potencial de auxiliar em metas financeiras de longo prazo. Segundo uma pesquisa da Kantar, o número de clientes que apontam o consórcio como um jeito de guardar dinheiro passou de 26% para 35% nos últimos 3 anos. Essa consciência adquirida entre os consorciados pode ser explicada pela facilidade que oferece para que o consumidor contrate um plano que caiba em seu bolso.

Por fim, vale destacar também a reinvenção dos consórcios que aconteceu nos últimos anos. Ultrapassando 60 anos de história no país, hoje o modelo ganha um corpo digital e simplificado. Em nossa operação, cerca de 50% da base de clientes é composta pela geração Z e millennials, ou seja, pessoas que já experimentam experiências inovadoras em bancos digitais. Por outro lado, a outra parcela é composta por um público com idade acima de 40 anos que já se frustrou com taxas elevadas dos produtos mais convencionais e busca por alternativas no mercado. Em geral, esses públicos acabam encontrando no consórcio uma jornada digital e personalizável para acessar o crédito com responsabilidade financeira, o que explica o seu crescimento acelerado nos últimos anos.

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Eduardo Rocha, tem mais de 30 anos de experiência profissional. Foi sócio da Gradus Consultoria e CEO da Rodobens. Pensando em empreender no setor de consórcios – um dos que mais cresce no país, Rocha fundou em 2018, o Klubi, primeira fintech a ter autorização do Banco Central para operar com consórcios. Formado em Comércio Exterior, é pós-graduado em Adm. de Empresas pela University of California at Berkeley, possui MBA pela FGV e o AMP pelo Insead, além de extensões executivas em Harvard e no MIT.