Na segunda-feira (19), o dólar à vista (USDBRL) estendeu as perdas da véspera com a expectativa de afrouxamento monetário nos Estados Unidos a partir de setembro, além das falas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo. A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 5,4120, com queda de 1,02%. A divisa perdeu força em relação ao real e no exterior, com a retomada da valorização do iene.
No radar, os investidores mantêm a expectativa pelo início de um ciclo de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed) na reunião de setembro, após uma série de dados econômicos melhores do que o esperado nos Estados Unidos. Agora, os traders veem 77,5% de chance de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual no próximo mês, o que seria o primeiro movimento da taxa desde julho de 2023 e levaria os juros para o intervalo de 5,00% a 5,25% ao ano. Ontem (18), a probabilidade era de 75%.
Terça-feira
O dólar voltou a registrar alta e encostou nos R$ 5,49 durante as negociações da terça-feira. No encerramento das negociações, registrou um avanço de 1,35%, valendo R$ 5,48. As falas de Haddad na tarde de terça-feira, durante evento do BTG Pactual, contribuíram para a desvalorização do real. O mercado acredita que, com as recentes declarações do chefe da autoridade monetária, uma alta da Selic — que estava sendo cogitada nos últimos dias por diversas casas, após falas mais duras da Diretoria do Banco Central — não está no radar, o que ajuda a valorizar o câmbio. Quando o BC adotou um tom mais agressivo em relação à inflação, mostrando preocupação com situações imediatas, o mercado reagiu positivamente: se necessário, o BC aumentaria os juros para controlar a situação da moeda.
Quarta-feira
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, iniciou a quarta-feira (21) em território positivo, chegando a renovar a máxima intradia durante a manhã, encostando nos 137 mil pontos. A moeda norte-americana manteve-se praticamente estável na semana, com uma variação positiva de apenas 0,02%. No entanto, no acumulado do mês de agosto, o dólar registra uma queda mais significativa de 3,22%, refletindo uma tendência de enfraquecimento frente ao real no período.
Quinta-feira
O dólar teve alta consistente na quinta-feira (22), subindo quase 2% em relação ao real em um dia de força no exterior. Na véspera do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em Jackson Hole, investidores optaram por adotar posições em ativos seguros, fortalecendo a moeda norte-americana. A força global do dólar, possivelmente impulsionada por um movimento de realização de lucros e pela adoção de posições defensivas antes do discurso de Powell, juntamente com a percepção dos agentes sobre um desequilíbrio no tom dos dirigentes do Banco Central, continua em evidência, gerando incertezas quanto à trajetória da Selic e elevando as exigências de prêmios de risco no curto prazo.
Sexta-feira
O dólar comercial iniciou a sessão desta sexta-feira (23) em queda de 0,22%, a R$ 5,5770. O presidente do Federal Reserve (o BC americano), Jerome Powell, afirmou que chegou a hora de "cortar a taxa de juros", reforçando as expectativas de que as autoridades começaram a reduzir os custos de empréstimos no próximo mês, deixando clara a sua intenção de evitar um arrefecimento adicional no mercado de trabalho. Embora esses comentários tenham proporcionado alguma clareza para os mercados financeiros a curto prazo, eles ofereceram poucas pistas sobre como o Fed pode proceder após sua reunião de setembro. Ainda assim, o discurso confirmou que o BC americano está à beira de um ponto de virada importante em sua batalha de dois anos contra a inflação. Durante a maior parte desse tempo, o mercado de trabalho se mostrou surpreendentemente robusto, dando aos oficiais espaço para focar intensamente na redução da inflação em direção à meta de 2% do banco central. Após o discurso de Powell, o dólar no Brasil recuou. A moeda, que chegou a encostar na máxima de R$ 5,59, desvalorizou 1,66%, valendo R$ 5,49 às 11h30. Já o Ibovespa ampliou o ritmo de alta, ganhando 0,66%, aos 136.065 pontos. A fala de Powell fez o dólar recuar ainda mais, pois ficou claro um discurso mais brando. Powell demonstrou estar mais preocupado com o mercado de trabalho norte-americano e os últimos dados sustentam um corte. Próximo das 15h50 desta sexta-feira, a principal referência da B3 subia 0,709%, aos 136.120,60 pontos, oscilando entre a máxima de 136.477,53 pontos e a mínima de 135.174,19 pontos. Se, nos Estados Unidos, a expectativa é por um relaxamento monetário, o mesmo não pode ser dito do contexto brasileiro, onde ainda se discute a possibilidade de novos apertos.