Cerca de nove em cada dez brasileiros com algum dinheiro guardado declaram investir na caderneta de poupança. Sobre o uso dos recursos, 66,6% dos que poupam pretendem guardar o dinheiro para eventualidades
Um ano depois de a regra antiga da poupança voltar a valer, um levantamento realizado pela Fecomércio RJ/Ipsos revelou que a caderneta de poupança voltou a avançar na preferência nacional em 2014. Este ano, 85,8% dos brasileiros com algum dinheiro guardado afirmaram que esta é a principal opção de investimento, um avanço de 5 pontos percentuais em relação ao ano de 2013. Na sequência, estão os fundos de investimento, com apenas 2,5% dos entrevistados. Aqueles que optam por não fazer investimentos e guardam o dinheiro em casa totalizam 10,4%.
Segundo o Gerente de Economia da Fecomércio RJ, Christian Travassos, a partir de agosto de 2013, quando o Banco Central elevou a Selic de 8,5% para 9,0% ao ano, os depósitos na poupança voltaram a render 0,5% ao mês mais TR, o que pesou a favor da caderneta na tomada de decisão do poupador.
“A caderneta de poupança voltou a ganhar a adesão de parte dos brasileiros que haviam feito a opção por fundos de investimento quando da mudança na regra de remuneração da caderneta. Enquanto os juros básicos situavam-se iguais ou inferiores a 8,5% ao ano, o rendimento da aplicação era de 70% da Selic mais TR”, analisa.
Destino do dinheiro guardado
A pesquisa mostrou ainda que a parcela das famílias brasileiras com algum dinheiro guardado aumentou 3,1 pontos percentuais entre julho de 2013 e o mesmo mês deste ano, chegando a 19,3%. Este é o maior nível para este indicador desde o início do levantamento, em 2006.
Sobre o uso dos recursos, a pesquisa revela maior preocupação relativa com o futuro, já que 66,6% - dois em cada três – dos que poupam pretendem guardar o dinheiro para alguma eventualidade. Esse percentual era de 65,8% em 2013. A parcela de famílias que pretende utilizar o dinheiro guardado para compra de imóvel avançou para 8,3%, ante os 7,1% registrados em 2013. Este percentual é o maior dos últimos quatro anos para este indicador.
Em sentido contrário, usar os recursos guardados para reformar a casa apresentou retração de 4,2 pontos percentuais. No ano passado, 10,1% das famílias com reservas tinham esta intenção. A redução deste ano fez com que este índice atingisse o menor nível da série (5,9%).
“O aumento do percentual de brasileiros com algum dinheiro guardado decorre da menor confiança do consumidor em relação ao futuro, diante da conjuntura econômica. Uma parcela da população acredita que poupar é a maneira mais correta de se precaver contra imprevistos no mercado de trabalho, o que se mostra bastante razoável se analisarmos o custo elevado, e em alta, do crédito no país”, afirma o economista Christian Travassos.
A pesquisa foi realizada pela Fecomércio RJ/Ipsos, entre os dias 20 e 31 de julho, e contou com a opinião de 1.000 consumidores em 70 municípios brasileiros.